CONVERSAS PSICANALÍTICAS COM O DR. EDUARDO BAUNILHA
Fugindo do sofrimento
Vivemos
na era da medicamentação exagerada. E não é para menos. Não queremos sentir
dor, não desejamos sofrer. A consequência? Uma geração inteira que vive a base
de drágeas, por qualquer angústia que aparece, por menor que seja esta.
Antes
de 1900 alguns médicos acreditavam que algum grau de dor era saudável, por
entenderem que a dor acionava resposta do sistema imunológico e cardiovascular,
ajudando na recuperação.
O
que isso significa? Que estamos fugindo da dor. Ora com medicamentos, ora com
entretenimentos. A lógica é: entorpecimento.
O
número de antidepressivos vem crescendo em todo o mundo. Entre 1990 e 2017 o número
de casos de depressão cresceu 50% no mundo. É preocupante demais estes números. E perceba que
nem atualizados estão.
Segundo Lucas Rocha, da CNN, “Antes da pandemia de Covid-19, cerca de 193 milhões de pessoas
tinham transtorno depressivo maior e 298 milhões de pessoas tiveram transtornos
de ansiedade em 2020. Após o ajuste para a pandemia, as estimativas iniciais
mostram um salto para 246 milhões para transtorno depressivo maior e 374
milhões para transtornos de ansiedade”.
E não estamos nos referindo apenas a adultos,
não. O número de crianças e adolescentes que fazem uso de medicamentos é
imenso.
Estima-se que cerca de 20% das crianças brasileiras têm algum transtorno
mental. O que se torna mais preocupante, pois segundo a OMS existem mais de 450
milhões de pessoas no mundo com transtornos mentais.
Entendendo que o ambiente onde o
feto se desenvolve e o lugar onde a criança vai crescer, principalmente nos
primeiros anos de vida, precisa ser acolhedor e saudável, percebemos o quanto
as fases em que as bases da vida se faz, necessitam ser mais cuidadosamente
pensadas. Evidentemente que haverá falhas, mas quando se tem uma organização,
estes erros tornam-se menos frequentes.
E pasmem, diante de todos estes
dados constatamos que temos feito com nossas crianças o que fazemos conosco:
buscarmos fugir do sofrimento por meios variados, sobretudo pela
medicamentação.
No próximo artigo vamos entender
melhor como funciona a dualidade prazer e sofrimento e, de que maneira podemos
equilibrá-los sem precisar de rodas de fuga.
Um
fortíssimo abraço para você!
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