CONVERSAS PSICANALÍTICAS COM O DR. EDUARDO BAUNILHA
Autocomprometimento
O
autocomprometimento está ligado ao estabelecimento de metas mesmo diante de
dificuldades e desafios. Mas o que considero ser o mais interessante é que o
autocomprometimento reconhece que nossas vontades têm limitações.
A
questão é que, na maioria das vezes, esperamos para acioná-lo quando estamos na
compulsão. Neste estágio, vencer os impulsos que nos levam à busca de prazer
fica ainda mais complicado.
Diante
disso, entendemos que o autocomprometimento tem se tornado uma necessidade
urgente. E por quê? Porque o acesso a produtos dopaminérgicos tornou-se muito
fácil. Isso sem falar na variedade que é infinita. Desta forma, precisamos ter
um compromisso conosco, com nossa vida.
O autocomprometimento
físico pode bem ser ilustrado por uma passagem da Odisséia de Homero. Depois da guerra, Ulisses desejava voltar para
casa e encontraria inúmeros perigos no trajeto. O maior deles eram as sereias,
que com seu canto, atraíam os marinheiros para os penhascos para encontrarem
com a morte. Para resolver a questão, Ulisses ordenou que sua tripulação
passasse cera de abelha nos ouvidos. Assim não ouviriam o canto. Tal
experiência te diz alguma coisa? Do que você precisa se afastar?
O autocomprometimento cronológico se
relaciona ao uso dos limites de tempo e metas. Quando temos desejo por qualquer
substância que me traga prazer, mas que é autodestrutiva, não seria
interessante manter um programa de adiamento do seu uso? E usar esta estratégia
constantemente? Em um século que queremos o tempo todo gratificações
instantâneas, trabalhar no sentido de adiar, pode ser ou não um bom negócio?
Também,
o autocomprometimento categórico nos
ajuda a categorizar o que nos traz prazer em subtipos. Assim podemos escolher o
que fazer ou usar, ou não. Neste sentido, pensar em substâncias ou ações que
são saudáveis, pode ser uma boa ideia.
Como
já relatou Immanuel Kant, “quando percebemos que somos capazes desta legislação
interior, o homem natural se sente compelido a reverenciar o homem moral em sua
própria pessoa”.
Ou
seja, autoconhecimento é a chave para uma vida mais comprometida com o que é
bom de verdade, pois como diz Anna Lembke: “O autocomprometimento é uma maneira
de ser livre”.
Um
fortíssimo abraço para você!
Referência:
LEMBKE,
Anna. Nação dopamina. Trad. Elisa
Nazarian. São Paulo: Vestígio, 2022.
Instagram: baunilha 45 e S48M7
Ótimas reflexões sobre o autocomprometimento!!!
ResponderExcluir