CONVERSAS PSICANALÍTICAS COM O DR. EDUARDO BAUNILHA
Estratégias de enfrentamento das emoções
A verdade é a seguinte: todos temos problemas. Todos já nos decepcionamos, sentimos tristezas e/ou tivemos perdas irreparáveis.
Uma pesquisa realizada em 2007 constatou que 50% das pessoas estão com problemas de ansiedade, de depressão ou tem uma história de transtorno psiquiátrico (Kessler et al, 2007). Se atualizássemos estes dados quão alarmantes eles seriam.
Para além disso, tem a tristeza, a solidão, o ressentimento, o ciúmes, a desesperança e tantos outros que podem engrossar a lista. Emoções que deparamos vez ou outra como experiência. Ou seja, somos uma geração que tem a tristeza estampada nos rostos.
Parece trágico, um tanto melancólico, pesado e niilista, mas é a pura verdade e, isso precisa ser validado. Precisamos reconhecer tudo isso em mim e nos outros. Em mim para buscar caminhos possíveis para a minimização da angústia oriunda destas emoções e nos outros para eu poder ajudar, entendendo que não estou sozinho na luta e que a identificação e o auxílio também me ensinam e ajudam a lidar com toda esta série de situações.
Sendo assim, buscamos estratégias para lidar com as emoções que os assaltam nos momentos mil que passamos.
O primeiro passo é sempre o do questionamento. Após identificar a emoção preciso me perguntar se o que estou sentindo vai durar para sempre ou somente por alguns minutos ou horas. A resposta já me aliviará um pouco, porque entendemos que ninguém sente qualquer tipo de emoção para sempre.
É interessante, para ficar um pouco mais lúdico para nós, talvez fazer uma tabela. Na primeira coluna identificarmos a emoção que estamos sentindo no momento em que ela aparece, na segunda coluna a intensidade desta emoção, na terceira minha expectativa de duração da emoção e na quarta coluna a duração exata da emoção.
Tal fazer pode me ajudar, tanto no fato de identificar a emoção, quanto no fato de perceber que muitas vezes o que penso, a intensidade que confiro a qualquer emoção, principalmente as negativas, é bem menor do que eu pensava.
Mas não podemos esquecer de que a forma como pensamos ou agimos quando temos uma emoção pode nos fazer sentir melhor ou pior.
Por exemplo: se faço todo o exercício de questionamento e entendo que a emoção que sinto é passageira e que não tem problema algum eu senti-la, percebi que estou em um caminho muito valoroso.
Todavia se me pergunto e, por meio do questionamento identifico a emoção e por ser muito desagradável, tento fugir, esconder ou negá-la, certamente estou lançando mão de uma estratégia problemática (Leahy, 2021). Existem outras estratégias bem mais problemáticas que a evitação que é recorrer as drogas, ao álcool e a bebidas. Devo me perguntar: a que lugar estes caminhos me levarão? Certamente a resposta me auxiliará a tomar um novo rumo.
Continuaremos com o assunto na próxima semana.
Um fortíssimo abraço para você. Até a próxima!
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