CONVERSAS PSICANALÍTICAS COM O DR. EDUARDO BAUNILHA
O que o trauma faz com nosso pensamento
A partir dos nossos pensamentos criamos conceitos que nos movem a ações. Quando sofremos traumas nossos pensamentos se detêm apenas em coisas erradas, intrusivas e, nos desviamos para um caminho que jamais tencionamos percorrer.
Um fato é a história de uma mulher que foi encontrada deitada nos trilhos de trem por um rapaz que corria numa trilha próxima. Quando levada à clínica para uma avaliação, ela perguntava ao psiquiatra: “- Quem me colocou no trilho do trem?”
Semelhante a ela, quantos de nós agimos de maneiras estranhas movimentados por impulsos oriundos de um trauma. Alguns bebem demais, outros fumam demais, algumas pessoas se viciam com dezenas outras coisas, no afã de amenizar os impactos da dor psíquica.
Evidentemente que depois de um trauma a narrativa da nossa vida ganha um rumo distinto do que era antes. Isso é óbvio, mas não precisamos nos deter nelas. A vida por si só já é estressante demais para acumularmos mais situações. Então vem a pergunta: o que podemos fazer?
Buscar desviar o foco. Parece simples, mas pode ser efetiva apenas olhar por alguns minutos um relógio pendurado na parede, observando o movimento dos ponteiros.
Outra dica interessante é rever um documentário instigante ou um filme divertido.
O Dr. Paul Conti diz que voltar a atenção para algo que não gosta também pode ajudar muito. Por exemplo: fazer uma playlist de músicas que não gostamos certamente não nos fará prestar atenção em outras coisas e é um método eficaz para darmos um reset em nossa mente (CONTI, 2022).
Situações práticas podem ser efetivas. Ajuda humanitária foi e sempre será uma valiosa dica para esquecermos as dificuldades da vida e; para além disso, outra questão importantíssima é o autoconhecimento. Nos conhecer, e quando digo isso é conhecimento profundo, que passa pelo fisiológico mesmo, pode ser muito relevante.
Saber como meu corpo funciona pode ser pertinente para minimizar situações angustiantes, pois saberemos como realmente devo me proceder.
E é disso que conversaremos na próxima semana.
Um fortíssimo abraço para você!
Instagram: baunilha45 e s48m7
Referência:
CONTI, Paul. Trauma: a epidemia invisível. Trad. Beatriz Medina. Rio de Janeiro: Sextante, 2022.
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