CONVERSAS PSICANALÍTICAS COM O DR. EDUARDO BAUNILHA
Do hábito ao vício
As mudanças que ocorreram nos
últimos 20 anos vai muito além de todas as mudanças dos 200 anos anteriores.
Isso é óbvio, você pode estar pensando, mas qual é o agravante oriundo deste
fato? Nosso corpo e nosso cérebro não conseguem acompanhar tantas transformações
e o resultado é que estamos morrendo.
Como cinquentão me lembro bem da
expectativa da chegada de uma carta, da paciência em esperar nos orelhões para
ligar para alguém querido ou aguardar chegar em casa para usar o telefone; isso
quando tínhamos porque era muito caro na época. Se pensarmos em tempos mais
pretéritos, chegaremos ao momento em que nossos avós utilizavam carroça e a
comunicação era boca a boca.
Hoje, no nosso mundo moderno, a
eficiência tem cada vez mais oferecido para todos experiências viciantes. E
isso é válido para situações, bens (roupas, sapatos, alimentos) e
comportamentos (checar redes sociais todo instante, assistir séries e filmes, vídeos
como Reels e Tik Tok).
O que tudo isso está gerando? Uma
fuga da frustração, da tristeza, dos embates que são naturais na existência
humana, porque temos caminhos e soluções para elas com apenas um clique ou numa
saída rápida. Assim, tornam-se vícios e o que mais preocupa é o fato de que
estão se tornando tão naturais que não conseguimos perceber todos estes atos
como tal.
Como isso funciona em nosso
cérebro?
Nosso cérebro trabalha com recompensas
para formar hábitos. Então quando você compra algo, ou vê ou está em determinadas
situações que te aliviam da dor, ele recebe uma descarga de dopamina, o que
maximiza os vícios. Nosso cérebro entende que todas as vezes que as coisas não
estão da maneira como planejamos, precisamos repetir o hábito para nos
sentirmos melhor. E nesse ínterim, podemos perder o controle.
Nos próximos artigos, conversaremos
a respeito de como vencer esses hábitos e ter uma vivência mais sadia.
Um
fortíssimo abraço para você!
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