CONVERSAS PSICANALÍTICAS COM O DR. EDUARDO BAUNILHA
Esgotados
Para
Byung-Chul Han vivemos na sociedade do desempenho. Não é para menos. Se queremos ter
visibilidade, temos que ter para ostentar; logo, para ter é necessário um
trabalho constante e incansável, para podermos angariar móveis, imóveis e
automóveis e outras coisinhas mais, para adentrarmos na lógica cultural vigente.
E não
dá para negar a força deste conceito. Quanto menos esperamos, todos estamos, em
menor ou maior grau, envolvidos por ela.
Só que
o desempenho desenfreado não dá o recado de suas consequências, por isso
estamos todos esgotados. Para todo lugar que se vira, somos testemunhas de
pessoas que estão cansadas da própria existência, esperando o dia acabar para
dormir e começar outro dentro dos mesmos padrões.
O pior
de tudo é que o cansaço da sociedade do desempenho é um esgotamento solitário,
individualizante e nos leva, como diz o pensador coreano, a “um infarto da alma”.
Conversando
com um amigo eu percebi o quanto tudo isso que falamos é real. Aposentado,
podendo vivenciar uma existência diferente da que teve durante toda a vida,
voltou ao batente com a mesma proporção de trabalho.
Adentramos
em uma lógica que nos aprisiona e como uma mosca em uma teia de aranha, somos
presos e sugados por ela. Neste ínterim, a vida passa e em algum lugar do
futuro, percebemos que tudo o que corremos atrás era apenas “vaidade e correr
atrás do vento”, como deixou escrito o sábio Salomão.
Penso
que devemos ponderar sobre nossas prioridades. O que realmente é importante? O que
deixaremos quando não estivermos mais aqui?
A sociedade
do desempenho nos cega para aquilo que é realmente pertinente para a vida.
Basta se perguntar se vale a pena e, diante da resposta, buscar um rumo mais
apropriado, um tanto mais saudável, equilibrado e possível de se viver.
Um
grande abraço para você!
Referência:
HAN, Byung-Chu. Sociedade do cansaço. Trad. Enio Paulo Giachini. 2ª ed. Petrópolis (RJ): Vozes, 2017.
Instagram: eduardo_baunilha_psicanalista
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