CONVERSAS PSICANALÍTICAS COM O DR. EDUARDO BAUNILHA
AS FACES DA DOR
O que dói mais: uma perna quebrada
ou um coração partido? Acredito que se formos fazer esta pergunta em uma plateia,
certamente teríamos opiniões bem contrastantes, não é mesmo?
Evidentemente que a dor de uma
perna quebrada vai ser visível, portanto, mais sentida, talvez celebrada; mas a
dor de uma humilhação, de uma rejeição ou de um insulto, machuca tanto quanto a
dor física.
Isso acontece porque as
regiões cerebrais que são ativadas quando temos uma dor física, mantém uma
conectividade com nossa necessidade de apego social, portanto, provoca dor. Ou
seja, sentir-se mal diante de uma situação embaraçosa significa ativar sistema
responsáveis por sentirmos o desconforto da dor.
Um experimento observado pelos
pesquisadores Naomi Eisenberger e Matthew Lieberman feito com estudantes
universitários prova o que relatamos acima. Olha o que fizeram.
Eles colocaram 3 estudantes
para jogarem cyberball. Em um dado momento,
um dos três, que na verdade estava sendo monitorado, foi rejeitado pelos outros
dois, que continuaram o jogo sem solicitarem a participação deste. E veja o que
aconteceu: a ressonância magnética funcional – um procedimento que identifica
as regiões cerebrais ativas pelo monitoramento do fluxo sanguíneo – identificou
que, quando rejeitado, o cérebro do jogador, foi ativado na região que provoca
o mesmo sofrimento daqueles que recebem picadas de agulha, choques elétricos ou
outras dores físicas induzidas experimentalmente.
Isso é tão real que quando somos
traídos, rejeitados, abandonados, ou não considerados, uma das frases que falamos
com muita frequência é “estou com uma dor no coração”.
Percebemos então a real importância
da conexão com o outro, do estar junto, de ativar a empatia cognitiva, que nos
leva a sentir com o outro e participar ativamente do seu sentimento, seja ele
bom ou desafiador.
A dor social é uma ferramenta de sobrevivência, pois nos leva a ligar nosso coração a outros corações, em busca de acolhimento e paz. Condutos que de tão importantes, se não forem buscados e conservados não conseguiríamos sobreviver.
Um grande abraço para você!
Instagram: eduardo_baunilha_psicanalista
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