CONVERSAS PSICANALÍTICAS COM O DR. EDUARDO BAUNILHA
SOLIDÃO EMOCIONAL
Freud relatou a respeito do
encontro que temos com o desemparo logo ao nascermos e, de como esta condição
nos acompanha durante toda a existência. Pense bem: você estava em um lugar
quentinho e, de repente, sai deste lugar para outro que é frio, barulhento e
desolador e, porque não confessar,
muitas vezes, violento. Seu choro indica o desafeto com a situação. Mas logo é
levado para perto da mãe e, ali, você encontra um acolhimento que te acalma e o
choro se dissipa.
Como
esta experiência nos dota de um desejo forte de estarmos conectados com outras
pessoas, descobrimos que, se estes encontros, principalmente com os que são
mais próximos a nós – a família – não são relações emocionalmente íntimas e
saudáveis, angariamos para nós o que é chamado de solidão emocional.
A
maior e mais significativa experiência de amor que podemos ter na vida é um
relacionamento de afeto genuíno com nossos pais. Se por acaso tivemos pais
emocionalmente imaturos, este enlace se tornará disfuncional, tornando-nos
solitários e inseguros. Além disso, crescemos com um vazio interior muito grande,
o que fará com que nossas relações no futuro sejam bem desafiadoras.
A
solidão emocional passa a existir ou se intensifica quando convivemos com pais
ou cuidadores que estão focados muito em si mesmos. Agindo assim, eles não
notam as experiências internas dos seus filhos e, diversas vezes, minimizam as
dores que estes filhos possam transfigurar.
O
resultado deste tipo de vivência não é muito interessante. Crianças criadas por
pais emocionalmente imaturos, certamente terão dificuldade de manter intimidade
com outras pessoas, vão temer essa condição e, até terem dificuldade em
oferecer apoio emocional a outras pessoas ao seu redor.
Isso
acontece porque as vítimas de relações disfuncionais passam a ter um relacionamento
em que se preocuparão com a própria cura. A questão é que como estas relações geralmente
se iniciam na infância, uma criança não tem recursos para lidar com uma
situação de desamparo, até porque ela é que precisa ser cuidada. Mas diante das
dificuldades precisará ter alguma reação, movidas por conceitos nem sempre bem
delineados. Tal ação é necessária, é instintiva para a sobrevivência, mas deixa
um estrago grande na vida.
Na
próxima semana continuaremos o assunto.
Instagram: eduardo_baunilha_psicanalista
Nenhum comentário:
Postar um comentário