SAÚDE TOTAL
Conversas psicanalíticas com o Dr. Eduardo Baunilha
Em relação ao amor. Existe a pessoa certa?
Talvez seja a pergunta mais difícil de responder, desde a “quem veio primeiro o ovo ou a galinha?”
A verdade é que todos nós procuramos o que chamamos de “cara metade”, “tampa da panela”, “alma gêmea” e por aí vai. A grande questão é por que é tão difícil encontrar esta par.
Erich Fromm, psicanalista, humanista e sociólogo alemão, escreveu em 1957 que a vida humana é regida pelo capitalismo, ou seja, se baseia no apetite por comprar.
Evidentemente que o psicanalista estava nos dando um puxão de orelha, para nos levar a pensar na maneira como nos relacionamos com as pessoas, especialmente com aquelas que desejamos passar a vida em um enlace amoroso.
Então o amor não é natural? É sim. Mas a ideia dele está totalmente distorcida pela ideia consumista, como diz Fromm, e pelo engodo de que existe alguém lá fora esperando para ser encontrado.
Outra questão importante para ser ponderada tem a ver com outras crenças que introjetamos. Por exemplo: Olhe para mim, sou uma pessoa incrível (narcisista) ou essa pessoa tem tudo o que desejo, então é a correta para mim (materialista).
Tais conceitos nos fazem pensar que vemos mais o amor como um sentimento capaz de preencher necessidades do que como algo que me ajudará a entender que a existência pode ser dividida com outrem, em um relacionamento de companheirismo e trocas saudáveis. Isso acontece porque agimos como se tudo girasse em torno de nós. E é aí é que está a grande questão.
Para buscarmos e, consequentemente, encontrarmos um amor saudável, precisamos ser pessoas autênticas, sem máscaras. Um ser capaz de agir além dos conceitos sociais, por ter uma mente aberta, flexível e interessada. Um indíviduo capaz de aceitar as pessoas como elas são e entender que no amor, precisamos doar. Segundo Fromm, doar é a máxima expressão de poder.
Sem falar numa disposição mais alegre, bem humorada muitas vezes, mostrar compreensão, carinho e aprender a ver o outro com suas vulnerabilidades e potencialidades, sem a pretensão de transformá-las em outro ser. Ou na pessoa que queremos que ela seja.
Também, jamais devemos esquecer que em um amor maduro deve existir integridade, confiança e também individualidade.
Mas para entendermos e nos encaixarmos em tudo isso, na maioria das vezes precisamos fazer análise. No setting analítico aprenderemos a nos autoconhecer. Nos autoconhecendo descobriremos nossos limites, conheceremos melhor o outro a nosso redor e assim ficará mais tranquilo para termos um relacionamento para além das convenções sociais, muitas delas enganosas.
Um fortíssimo abraço para você. Até a próxima!
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